O Sofrimento Acabou

Antes de iniciar a leitura, clique aqui e leia a primeira parte do conto, para que tenha a sequência correta dos fatos.


A situação foi ficando insuportável e eu cada vez mais doente. A depressão me atingiu em cheio e eu fui ficando cada vez pior, sem nenhuma melhora, apesar dos tratamentos que busquei.

Eu fui tornando-me uma pessoa insuportável, nervosa, amarga, quieta e com aquela cara de poucos amigos. Tornei a minha vida, da minha esposa e do filho dela, naquela data, já adulto, mas ainda dependente dos meus rendimentos e vivendo sob  mesmo teto que nós.

Os médicos achavam um absurdo, eu passar por aquela depressão sem nenhuma resposta aos medicamentos. Era uma situação inexplicável e sem solução. Mas eles não podiam desistir e eu precisava de tratamento para a depressão.

Certo dia, depois de muitos remédios tomados sem efeito algum e de muitas e muitas sessões de terapia, eu resolvi contar à psicóloga, que me atendia em conjunto com o médico, a fim de descobrir a causa da depressão profunda em que me encontrava, sobre o meu problema sexual com a esposa.

"Não devia ter escondido uma situação desta do médico!" - Disse-me a doutora, corrigindo-me de forma firme e com tom de quem encontrara o problema.

Mas o problema em falar da situação era a vergonha que eu sentia em ter uma mulher que não gostava de sexo, o constrangimento e o temor de que as pessoas soubessem do assunto e eu me tornasse causa de chacota. Então eu pedi segredo à psicóloga e a fiz prometer que não contaria a ninguém.

Ela se recusou de início, afinal, precisava, no mínimo, passar a informação ao médico, alegando que não podia mediar-me e sem tratamento adequado, eu não conseguiria sair daquela situação.

Por favor! - Pedia eu a ela. - Não conte nada a ninguém ou eu vou acabar é piorando, se isso cair em público!

Depois de muita insistência, finalmente, ela concordou comigo e prometeu-me não contar a ninguém.

Muitas foram as sessões de terapia que se seguiram e, eu e a psicóloga, começamos a nos tornar íntimos. Ela perguntava tudo como é que eu fazia, o que eu fazia e por que eu fazia. Queria que eu explicasse como era que eu me aproximava de minha esposa, desde o início até aqueles dias em que tudo mudara. Queria entender onde poderia ter acontecido o problema, comigo ou com minha esposa, ao ponto de levá-la a falar com todas as letras: "NÃO GOSTO DE SEXO!"

No início ela ficava de frente pra mim e, à medida que fomos ficando mais próximos, mais próximo de mim ela foi se colocando e, quando eu terminei de contar toda a história, ela já se aconchegava ao meu lado e já nos tocávamos, segurando nas mãos um do outro.

Algumas sessões mais tarde, eu terminei de contar-lhe todos os acontecidos, da forma que ocorriam, como começaram e ao ponto em que chegaram. Mas o tratamento não poderia parar e eu anda estava muito mal, apesar de ter apresentado melhoras, a partir do momento em que comecei a falar do meu problema abertamente com minha psicóloga e confidente. Então ela, sutilmente, disse-me que precisava ir mais fundo no problema, se quisesse livrar-me de tal depressão e pediu que eu voltasse ao início da história, contando tudo novamente, passo a passo, mas desta vez, não só contando como também, mostrando como era.

Àquela altura, parecia que era tudo o que eu queria e, daquele momento em diante, eu passei a recontar a história de minha vida conjugal, mostrando e demonstrando como eram as aventuras sexuais entre eu e minha esposa, enquanto elas ainda existiam.

Certo dia, cheguei do trabalho, já bem melhor em relação aos problemas causados pela depressão e, com a própria depressão já bem controlada, tomei um banho e fui ao consultório da psicóloga, conforme estava agendado, para mais uma sessão.

Estava chegando ao consultório quando meu telefone tocou e eu atendi apressado, vendo que era o número da psicóloga que me chamava. Desculpando-se por não ter ligado antes, ela pedia para que eu voltasse uma hora mais tarde, mas que não deixasse de ir.

Concordando, eu dei meia volta e fui para casa, esperaria por alguns minutos lá mesmo e depois voltaria para o consultório.

Chegando em casa, encontrei tudo trancado. Entrei com minha chave e fui até o quarto, onde dormiam, sob as cobertas, a mãe e o filho. Deixei-os e voltei para fora, sem fazer barulhos para não acordá-los e, deixando a porta da sala entreaberta, despercebidamente.

Ouvi um barulho lá dentro e achei muito estranho quando olhei pela fresta e vi o meu enteado sair do quarto e entrar no banheiro, completamente sem roupas. Mais abismado fiquei quando vi a minha esposa, também nua, segui-lo e trancar a porta atra de si.

Entrei na casa e fui até o quarto, levantei a coberta e, no movimento desta, uma camisinha recém usada, voou para o solo. 

Fiquei ali parado por alguns segundos, talvez tentando entender, compreender ou aceitar aquela situação, até que consegui reagir, voltando as coisas como estavam e saindo de fininho, sem ser percebido.

Não sei dizer se muito abalado ou transtornado e sem abalo algum, eu fui direto para o consultório, chegando lá em seguida à psicóloga, que me recebeu e deu início à sessão.

Contei o que havia visto, como havia acontecido e como eu estava me sentindo, enquanto ela ouvia atentamente, cada palavra que eu dizia.

Daquele momento em diante, eu vivo tranquilo, sem problemas de saude e nem sexuais, sem dor e sem mágoas, na casa de minha psicóloga, hoje também, minha amante e mulher. Ela não me cobrou nada, não exigiu nada, salvo o meu celular, no momento em que terminei de contar o que vi, naquele dia, ultima vez em que vi a minha ex-esposa.

O celular foi destruido naquele momento mesmo e, quanto a mulher que "não gosta de sexo", nunca mais tive notícias.


Edison Mendes © 2012

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